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Até aqui, filme de concessões é reprise

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A leitura do Valor Econômico da última quinta, 15, pode bem ser um trailer do governo Michel Temer. E a primeira imagem que vem à mente é um déjà-vu, como aqueles filmes que a gente tem a impressão de já ter visto.

Na manchete do matutino, um postulado do qual os governos anteriores (dois de Lula e um e meio de Dilma Rousseff) não abriram mão. “Recurso público sustentará concessões na primeira fase”, destacaram os repórteres Murillo Camarotto e Daniel Rittner.

De acordo com a reportagem, o setor privado se acostumou com verba pública e juros subsidiados e, por isso, o “desmame” das empresas vai demorar. Ora, verba pública é aquela que sai de um bolso privado, passa pelo governo e volta para outro bolso privado.

Ocorre que nesse sistema de concessões, tornado padrão pelos governos do PT, muitos bolsos privados contribuem para poucos bolsos privados. São empresários que assumem serviços públicos com financiamentos generosos e juros camaradas.

Ainda na primeira página, com menos destaque, outra notícia que lembra os últimos 13 anos. “R$ 11 bilhões para dar reajustes aos servidores”, revelou Ribamar Oliveira.

O PT concedia fartos reajustes ao funcionalismo, representados por corporações de servidores há muito dominadas por prepostos do partido. Já Temer, para justificar o aumento, disse a ‘O Globo no último domingo, 11, que queria evitar um movimento paredista.

Ou seja, quem pode mais ganha mais. No caso, venceu o estrato que tem assegurada estabilidade no emprego, aposentadoria, plano de saúde e greve remunerada.

Tudo como dantes no quartel de Abrantes é a impressão que fica ao leitor. O tira-teima vem na página dois do periódico. “Investimento no Minha Casa, Minha Vida terá redução de quase 9% em 2017”, apurou a repórter Edna Simão.

Enquanto em 2016 o governo prevê um desembolso de R$ 7,9 bilhões em moradias para baixa renda, para 2017 o valor cai para R$ 7,2 bilhões. Dilma, como se sabe, também prometia mais do que entregava.

De acordo com o ministro do Planejamento atual, Dyogo Oliveira, o governo tentou preservar o “máximo possível” o investimento em 2017. Donde se deduz que os R$ 11 bilhões para o funcionalismo é investimento.

Já os empresários que quiserem “arriscar” investindo em concessões terão R$ 30 bilhões subsidiados pelo erário. Enquanto isso, o governo corta R$ 700 milhões do Minha Casa.

Há dinheiro para financiar concessões, há recursos para salários de servidores. Mas, como é preciso cortar de algum lugar, o programa escolhido foi o de moradias populares.

O déjà-vu, na verdade, está mais para aquele aviso no final de um episódio de seriados como Perdidos no Espaço: to be continued. Mudou apenas o roteirista. Até o suspense da Lava-Jato é o mesmo.

 

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