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Agonia do capitalismo tabajara

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Ao lado de empreendedores sérios e sofredores com a falta de crédito, carga e complexidade tributárias excessivas e burocracia angustiante, existem alguns privilegiados que sempre se deram bem com o acesso preferencial e obscuro aos mecanismos de poder.

Agora, a Operação Greenfield desvenda um pouco mais da promiscuidade dessas relações. O destaque da vez são os fundos de pensão, que, além de aparelhados pelos políticos nos últimos anos, fizeram péssimos negócios para seus beneficiários. E não é de hoje.

O episódio, apesar de trágico, traz várias consequências positivas. A primeira é o vertiginoso e obrigatório aumento da transparência nesses fundos daqui para a frente. O futuro indica que o dinheiro dos trabalhadores terá que ter uma gestão altamente profissional e com elevado grau de governabilidade.

Tal desdobramento leva a uma outra consequência: os fundos de pensão não servirão mais de muletas para programas de privatização inconsistentes nem para financiar aventuras político-empresariais. A aprovação do uso dos recursos desses fundos deverá ser submetida a severos escrutínios.

Não devemos, obviamente, generalizar. Muitas das operações desses fundos foram lucrativas. Outras, como mostrado no caso da Postalis, foram desastrosas. Fica a lição para os funcionários dessas estatais. Devem evitar que sua poupança seja usada em projetos furados.

Muitas das operações dos fundos de pensões foram lucrativas.
Outras, como mostrado no caso da Postalis, foram desastrosas

A agonia do capitalismo tabajara já estava sendo promovida pela Operação Lava-Jato. Agora é agravada com a Operação Greenfield. Ambas estão conseguindo traçar, por linhas tortas, a revitalização do nosso capitalismo em direção a um modelo mais aberto, baseado em regras e não em privilégios, com menos intervenção estatal e maior segurança jurídica.

O impacto no futuro da economia será brutal. O Brasil poderá construir, daqui para adiante, um novo modelo de capitalismo, menos dependente do Estado e com menos relações, mais transparentes entre empresas, governo e meio político. No entanto, e como esperado, a transição não será fácil.

A realidade que se apresenta é cruel para o esquema moribundo. Porém, auspiciosa para a cidadania que deseja trabalho, renda e melhores serviços públicos. Cabe a nós acelerar as transformações.

Publicado na Isto É em 09/09.

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