Na Câmara dos Deputados, a chamada oposição programática ao novo governo, de Michel Temer (PMDB), compreende PT, PDT, PCdoB, PSOL e REDE. Com algumas dissidências declaradas na base governista (Silvio Costa e Cabo Daciollo, ambos do PTdoB), chega-se a 100 deputados federais.
No Senado, em termos partidários, a oposição se restringe a PT, PDT, PCdoB e REDE. No entanto, em muitos casos haverá adesão de integrantes de outros partidos da base, como PSB (Capiberibe e Lídice da Mata), PPS (Cristovam Buarque) e até mesmo PMDB (Roberto Requião), além do senador Antônio Reguffe (Sem Partido-DF), podendo chegar, no limite, aos mesmos 20 votos dados contra o impeachment.
Portanto, não havendo dissidências na base em nenhuma das Casas, a oposição não terá número suficiente para barrar a aprovação de matérias de interesse do governo Temer. Além de ser numericamente inferior, a oposição, principalmente o PT, terá inicialmente dificuldades de construir um discurso alternativo ao presidente Michel Temer.
Apesar do legado social do lulismo, ao qual os petistas costumam fazer referência, o impedimento de Dilma Rousseff deixa uma marca extremamente negativa para a legenda. Sem falar na imagem de corrupção e de descontrole da economia associada ao partido, que trouxe como consequência o aumento do desemprego e da inflação, fazendo crescer fortemente o sentimento antipetista entre a opinião pública.
Além de a maior força de oposição estar fragilizada, os adversários de Michel Temer têm grande dificuldade de formular uma estratégia de ação comum. Com exceção de PT e PCdoB, os demais partidos podem divergir em relação ao modo de atuação frente à gestão Temer.
Assim, no curto prazo, a oposição no Congresso dependerá de eventuais dissidências na base governista para impor derrotas ao Palácio do Planalto.