Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) condene o deputado federal Celso Russomanno (PRB-SP) por peculato, o que o enquadraria na Lei da Ficha Limpa, impedindo-o de concorrer à prefeito de São Paulo (SP) nas eleições de outubro, o empresário João Doria Júnior (PSDB) seria o maior beneficiado.
Segundo pesquisa qualitativa (estudo de aprofundamento para identificar percepções de um determinado grupo social), realizada pelo instituto Ideia Inteligência junto a eleitores típicos de Russomanno (homens e mulheres de 25 a 45 anos, pertencentes a Classe C e tendo o ensino médio como grau de instrução), publicado na semana passada pelo “Valor”, o deputado federal do PRB é preferido desse segmento por ser visto como uma espécie de “herói”: alguém que defende o povo que sofre da crescente ineficiência dos serviços públicos.
Mesmo que Celso Russomanno esteja no quinto mandato como deputado federal e tenha sido o candidato a prefeito e governador de SP, o eleitorado o enxerga como uma “nome alternativo” à chamada política tradicional.
Porém, de acordo com o Ideia Inteligência, na hipótese de Russomanno ficar ausente da eleição, quem tem maiores chances de ocupar esse espaço é João Doria Júnior (PSDB), que, assim como o pré-candidato do PRB, ficou conhecido pela TV e representa o “novo” na disputa.
Doria também é visto como um representante do anti-petismo, além de empresário e empreendedor. Mesmo que não seja tão conhecido como Russomanno, o instituto sustenta que Doria tem uma imagem bastante positiva junto ao eleitorado fiel ao representante do PRB.
Esse eleitorado tem um perfil conservador, empobrecido e está sem esperança. São também pessoas que não tem lazer, além de estarem desempregadas ou sub-empregadas.
João Doria Júnior também possui outros fatores importantes a seu favor. Apesar da divisão do PSDB, é o candidato do governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB), e terá a máquina do Palácio dos Bandeirantes ao seu lado. Alckmin está negociando a distribuição de cargos no governo estadual como forma de atrair partidos aliados para o lado de Doria.
Até o momento, Doria é o pré-candidato que mais atraiu aliados, o que traz como consequência um bom tempo de TV para a campanha (horário eleitoral gratuito mais inserções). Além disso, o tucano é quem tem mais condições de investir recursos próprios em sua campanha.
Mesmo que Andrea Matarazzo (PSD) também busque dialogar com o eleitor de Russomanno, ele possui hoje mais dificuldades para crescer nesse segmento. Além da falta de recursos, Matarazzo é desconhecido e ainda não firmou nenhuma aliança.
No cenário atual, Celso Russomanno desponta como favorito na disputa, credenciando-se para ser o anti-PT ou anti-Fernando Haddad (atual prefeito que será candidato à reeleição). Porém, caso Russomanno não possa concorrer, Doria tem potencial para se transformar em alternativa no campo conservador.
Sem Russomanno, o espaço que Doria tem para crescer seria ameaçado somente por uma eventual aliança entre PMDB e PSD, já que Matarazzo e a senadora e pré-candidata à prefeita Marta Suplicy (PMDB-SP) ainda encontram dificuldades de atrair aliados.