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A integração regional sob tensão

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O agravamento da crise social e política na Venezuela somada ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff a confirmar-se entre agosto e setembro, coloca o processo de integração regional sob tensão. O MERCOSUL, que há anos patina contaminado por aspectos ideológicos, agora se vê paralisado por conta das mudanças políticas processadas na Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Venezuela.

A Cúpula do MERCOSUL que deveria ter sido realizada em junho foi transferida para julho, mas pode ficar para agosto. Brasil e Paraguai não querem que a Venezuela assuma o comando do bloco. A Argentina recuou em sua posição contundente contra as violações de toda ordem praticadas em Caracas e o Uruguai quer ver-se livre do fardo, pois presidir o MERCOSUL nestas condições resulta infrutífero.

Se antes vivíamos divididos entre bolivarianos e não bolivarianos, agora lidamos com um impasse onde cada ator dá a sua contribuição para conturbar ainda mais o ambiente. Uma demonstração clara de que se há integração, não há unidade. Possivelmente, nunca houve.

A tensão prejudica sobremaneira todos os países. A região mais desigual do planeta carece de um diálogo profundo e franco, pois as ameaças são comuns. Dá mesma forma que a estabilidade respeitadas às diferenças beneficia o conjunto.

Enquanto no MERCOSUL alimentam-se as divergências, em países como Chile, Colômbia, Peru e México, priorizam-se os negócios, o que faz da Aliança do Pacífico um porto seguro ambicionado por todos. Enquanto a ideologia ainda prevalece no Cone Sul, países como Colômbia e Equador avançam em acordos de livre comércio que beneficiarão suas economias.

A Colômbia, inclusive, dá grande exemplo de fortalecimento de sua democracia ao insistir em um acordo de paz capaz de pôr fim a 50 anos de guerra civil. Nem mesmo o exemplo de Cuba e dos Estados Unidos que caminham a passos largos para uma plena normalização de suas relações, tem sido capaz de distensionar o ambiente político regional.

E o papel do Brasil neste enredo ainda não está claro. José Serra, o chanceler-candidato não enfrenta resistências apenas no Itamaraty onde suas decisões já são contestadas, mas também no Planalto onde o presidente Michel Temer tem outra visão de mundo e, principalmente, no exterior onde não é plenamente reconhecido como ministro legítimo.

Esse diagnóstico faz com que Brasília siga perdendo espaço e protagonismo, algo que na gestão Dilma Rousseff se configurara por outras razões.

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