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Por que Meirelles disse não, não e não a Lula e sim a Temer

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Amigos petistas não entendem como Henrique Meirelles possa ter recusado dois a três convites de Lula para ser o todo poderoso ministro da Fazenda do 2º governo Dilma e aceitado o encargo no governo interino do vice Michel Temer. A questão precisa ser contada do começo. Meirelles, que deixara a presidência mundial do Bank of Boston, no 2º semestre de 2002, para concorrer (e se eleger) a deputado federal do PSDB por Goiás, assumiu o Banco Central no governo Lula a convite do ministro da Casa Civil, José Dirceu, e fez boa dobradinha com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, até a saída de Dirceu na segunda metade de 2005. Dirceu foi trocado pela então ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef.

Palocci antes de deixar a Fazenda, em março de 2006 (substituído por Guido Mantega, após a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo), apresentou, com o apoio de Meirelles, um plano de produção de robustos superávits primários estruturais até 2014, desenhado pelo ex-ministro Delfim Netto, um dos ‘espíritos santos de orelha’ de Palocci e Lula. Pois Dilma torpedeou violentamente o plano, que visava traçar uma trajetória declinante para a dívida pública líquida em relação ao PIB (estava em 41% na época), taxando-o de rudimentar.

Dilma perseguiu Meirelles e chegou a convencer Lula a trocá-lo por Luciano Coutinho (presidente do BNDES que sucedeu a Mantega), quando Meirelles trouxe a notícia de que o Brasil obtivera o grau de investimento das agências de risco em maio de 2007. Dilma teve de engolir Meirelles até o fim do 2º governo Lula. Quando Mantega continuou na Fazenda no 1º governo Dilma, a presidente rasgou de vez a austeridade e lançou a Nova Matriz Econômica, com forte intervencionismo estatal e cruzamento de contas entre Tesouro e bancos públicos.

Após a reeleição, quando a Nova Matriz já fazia água e Dilma já descartara Guido Mantega, Lula insistiu no convite a Meirelles, que, elegantemente, recusou. Lula, então, convidou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco para ser ministro da Fazenda e o banqueiro declinou, sugerindo Joaquim Levy, um dos vice-presidentes do banco.
Com a saída de Levy, no fim do ano passado, Lula voltou a convidar Meirelles, que novamente recusou. Ele queria ter Meirelles como companheiro do governo no qual não tomou posse.

Por que Meirelles aceitou o cargo agora?

Por que então, Meirelles aceitou agora o encargo com a economia bem mais deteriorada do que em fins de 2014 ou de 2015? Meirelles sabe que se atritaria com Dilma porque jamais receberia carta branca dela e do PT para pôr ordem na casa desarrumada pela política econômica da presidente afastada.

A situação não está nada fácil. O endividamento público líquido chegou a 74% do PIB, tendendo a 79% em 2017 e o risco do Brasil desceu dois degraus abaixo da classificação de investimento. Mas agora Meirelles está seguro de que terá respaldo do novo governo e da base política no Congresso para a adoção de reformas estruturais e às medidas duras para sanear a economia, intervir nos bancos públicos e trazer o endividamento público de volta aos trilhos do razoável.

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