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O que a Copa do Mundo deixou para o Brasil

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Legado importante da Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, é o aparecimento do vírus zika no país. Chegou para arrasar. Desembarcou majestoso e discreto na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, vindo da África. Ali ocorreu o primeiro caso registrado em terras brasileiras em abril de 2015. No mesmo ano, ocorreu um caso no Maranhão e outro em Pernambuco. A partir daí a endemia se espalhou pelo país, atravessou fronteiras e agora ameaça se transformar no mais importante esporte olímpico, no Rio de Janeiro: matar mosquitos.

O governo da presidente Dilma não tem nenhum projeto conhecido. Sua única meta é permanecer no poder até o último dia do segundo mandato. Não será fácil. Mas a epidemia do vírus zika concede oportunidade excepcional para o público veja o governo em ação. Soldados das três forças armadas vão desfilar pelo país procurando focos do mosquito. Ministros concedem entrevistas vazias de conteúdo, mas cheias de palavras entusiasmadas e de esperanças ingênuas. Essa ação é conhecida pelos especialistas como estratégia de visibilidade. As pessoas podem perceber neste esforço o trabalho do governo.

É uma opção interessante neste momento antes da possível votação do impeachment. Esses dias de carnaval tiveram o mérito de esconder fatos relevantes. Jornais e televisões mostraram as mulatas calipígias das escolas de samba. Mas o deputado Eduardo Cunha, decidiu paralisar todas as votações naquela casa até que o Supremo Tribunal Federal se pronuncie quanto ao embargo de declaração. O voto do ministro Barroso, que foi vitorioso na sessão que discutiu o rito processual do impeachment, terminou interferindo profundamente no regimento interno da Câmara dos Deputados.

Calendário político

Assim, até que se esclareça como vão ocorrer as votações na Câmara dos Deputados, todas as comissões estão com seus trabalhos paralisados. Inclusive, naturalmente, aquela que examina denúncias contra o presidente da Câmara, acusado de ter contas secretas no exterior, abastecidas com dinheiro de origem duvidosa. A decisão do STF não deverá ocorrer logo após o início de seus trabalhos. Haverá demora em marcar o dia da sessão e, sem dúvida, o debate entre as excelências será profundo, demorado e sério. Afinal de contas, estará em questão como julgar um presidente da República e, em escala inferior, o próprio presidente da Câmara.

O calendário político possui suas próprias razões. O Congresso deverá funcionar normalmente até o final de maio. A partir daí as eleições municipais passarão a ocupar o centro das preocupações parlamentares. Afinal de contas é nos municípios que se encontram as bases eleitorais. Fundamental é ter um prefeito amistoso e confiável, dono de bons votos que vão ajudar o deputado federal, o senador e o governador do partido. A eleição deve congelar toda a ação parlamentar até sua realização em outubro. Ou seja, política, de fato, só irá até o final de maio. E, no final do ano, em novembro. O governo tem, portanto, boas chances de chegar ao final de 2016. Eduardo Cunha também conta o tempo a seu favor. Seu mandato se encerra em dezembro. Ele pode chegar até lá.

O governo da presidente Dilma não tem mais área de recuo. Adiou o anúncio dos cortes governamentais. Ele não pode aumentar mais os impostos. O cidadão não quer. E se o fizer antes da eleição, estará assinando o atestado de morte do Partido dos Trabalhadores. Contudo, os dirigentes desta agremiação insistem em não abrir os olhos para enxergar a realidade. Eles pretendem o retorno da chamada política desenvolvimentista, a mesma que levou o país à falência em pouco mais de três anos. É necessário cortar despesas para equilibrar as contas. Não há mais dinheiro para as bolsas sociais e programas de habitação. O sonho acabou porque não era sustentável.

O ano de 2016 vai entrar para a história como a síntese de todos os males que assolaram a nação. A herança da Copa simbolizada pelo vírus zika, pela roubalheira na construção de grandes estádios e a punição dos responsáveis pelos desvios na Petrobras e outras estatais. Além disso, o governo paralisado por falta de dinheiro coloca as tropas da rua para dizer que está, finalmente, produzindo algo de positivo. A presidente Dilma Rousseff deve estar surpresa com a ironia de sua vida dupla. Ela é mineira que prefere o Rio Grande do Sul. Prisioneira política dos militares, hoje recorre aos quarteis para tentar sensibilizar os brasileiros e permanecer o máximo de tempo possível no Palácio do Planalto.

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