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Personagens do impeachment

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Virou novela. E com capítulos novos a cada momento em que aumenta a audiência. Parece que agora esta se reduziu e, com isso, espera-se que a novela encurte. Deverá se encerrar em março. Mas, será? Há muitos imprevistos em seu roteiro, que parece ter sido escrito por autor desconhecido. Quando tudo indica que vai morrer, ressuscita. Portanto, a data de março pode ser ou não confirmada. Os telespectadores terão que esperar até lá.

Vale a pena comentar seus personagens centrais. Há os que são a favor e os que são contra. Hoje vou analisar apenas os que são contra. Afinal, parecem ser os vencedores. E os perdedores, na História, não têm vez. Se no próximo ano os ventos mudarem, analisarei estes que, hoje perdedores, aparecerão amanhã como vencedores. Afinal, é tudo incerteza.

Os personagens contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff são de três tipos.

O primeiro é composto por aqueles que aderiram à presidente, desde há muito tempo, a ponto de só escreverem presidenta. São membros ou simpatizantes do PT, ou simplesmente da Dilma. Acreditam que o PT fez um excelente governo nestes 13 anos, e alguns ainda acreditam que esta excelência persiste, e que as intempéries atuais serão rapidamente ultrapassadas. Alguns até acreditam que vencerão as eleições de 2018, com Lula ou com Ciro ou outro, como Jacques Wagner. É o tipo menos interessante, mais óbvio e com quem, em geral, é difícil de conversar, pois, são donos da verdade. E todos os que não partilham de suas posições são neoliberais, ou seja, cínicos ou ingênuos.

Há um segundo tipo. Este mais interessante. Ele acredita que este governo é muito ruim, tem poucas chances de melhorar, e prefere ficar neutro ou claramente contra o impeachment. As razões são muitas. Alguns porque não veem nenhum fundamento jurídico que justifique medida tão drástica. Outros receiam que com Michel Temer seja pior, sobretudo, porque traria ao poder políticos corruptos – mais do que os atuais – e deveria intervir na Operação Lava jato, tentando esvaziá-la. Com isso, seria um governo para acobertar as práticas de corrupção ainda presentes no estado brasileiro, sem uma política que de fato produza mudanças substantivas no Brasil. Em linguagem empresarial, o risco seria maior do que a expectativa de melhorias.

O terceiro é o mais interessante nesta magra tipologia. É formado por aqueles que se opõem ao impeachment por razões outras. São poucos, frios e se consideram inteligentes. Sinto neles, inclusive, um tom de perversidade. Leve, é verdade. Malvadeza seria melhor dizer. Alguns são claramente reacionários, outros nem tanto. Este tipo julga que o impeachment de Dilma irá fortalecer o PT que, caindo na oposição, atribuiria todas as mazelas presentes à incapacidade do novo governo, com ou sem Temer. Em particular porque ainda paira, no imaginário popular, os anos de ouro do governo Lula e o novo governo não teria tempo para reverter a situação econômica de forma que seus resultados cheguem à mesa dos trabalhadores, aumentando a dinâmica econômica de forma expressiva para inverter a rota atual do desemprego.

Se estes personagens de fato existem – e tenho algumas provas empíricas – contra o impeachment se colocam petistas, não petistas e antipetistas. Todos juntos, num só bloco, para fazer valer o mandato da presidente eleita em 2014. Mas, com intuitos divergentes: uns para ainda conservar o poder e outros para mudar muda-lo.

Se esta hipótese vingar, teremos tempo – aqueles que aqui ainda estiverem – de constatar em 2018 quem tem razão.

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