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PMDB, Dilma e o impeachment

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Para onde vai o PMDB, em meio à crise política nacional e à Operação Lava-Jato? Será que vai ser afetado a ponto de se esfacelar? E justamente quando talvez possa, via impeachment, chegar ao poder? Enfim, por paradoxal que seja, o sucesso e o fracasso do partido hoje caminham juntos.

Desde a sua origem, o PMDB é uma legenda em que os caciques regionais possuem mais força que seu presidente nacional. Em suma, é um partido cindido pelos interesses estaduais. De Ulysses Guimarães a Michel Temer, o presidente do PMDB é quem consegue – mal ou bem – representar e equilibrar esse jogo de poder dos caciques peemedebistas. Temer está, no atual momento, no centro desse furacão.

É justamente porque os interesses locais de seus líderes acabam, invariavelmente, se impondo sobre o seu comando nacional que é tão difícil para o partido construir um projeto próprio de poder. A presidente Dilma Rousseff está explorando essa característica estrutural da legenda com sucesso.

Em abril, quando Dilma entregou a coordenação política para Michel Temer, o partido – que estava dividido – continuou como tal. Temer e Renan brigados entre si. Cunha brigando com Renan e Dilma. Renan brigando com Temer, Dilma e Cunha. Um dramalhão.

De lá para cá, Dilma jogou para aprofundar as divisões. Mais recentemente, aprofundou o racha partidário ao cooptar diretamente deputados federais, escolher ministros sem aval dos três maiores líderes do partido e se imiscuir em sua briga interna.

Explorando os três polos de lideranças – Temer, Renan e Cunha -, que nunca se entendem ao mesmo tempo, Dilma vai cozinhando o partido em fogo brando e enfraquecendo-o no debate sobre o impeachment. É uma estratégica muito inteligente.

No entanto, existem outros riscos maiores para o futuro do partido, além da sua tradicional falta de unidade. Todas as lideranças estão sob suspeita ou estão sendo investigadas. A simples menção do chefe da Procuradoria-Geral da República, Rodrigo Janot, de que suspeita de Michel Temer por conta de uma doação partidária feita pela empreiteira OAS pode fulminar de morte o movimento pró-impeachment.

Em março, uma convenção nacional pode definir o rompimento do partido com o governo. No entanto, com as notícias recentes da Lava-Jato, muita coisa pode acontecer antes disso. Cunha e Renan já estão formalmente na investigação. Agora surge a possibilidade de Temer ser investigado por conta da doação da OAS. Tanto a Lava-Jato quanto Dilma estão dando um nó no partido.

É certo afirmar que a falta de unidade do PMDB e os riscos inerentes às investigações dificultam os projetos de poder da legenda e favorecem, no curtíssimo prazo, a presidente Dilma. Mas não apenas isso: toda a confusão traz uma enorme incerteza sobre o futuro imediato do partido. Afinal, quem sobreviverá ao tsunami da Lava-Jato? Essa questão define o cenário do impeachment, do partido e de Dilma Rousseff.

Suponhamos que Temer passe incólume pelo recente noticiário. Nesse caso, o PMDB fica cindido em dois polos. Como a base do partido está preocupada com a vinculação ao governo Dilma e suas consequências para as eleições municipais, a tendência é que o rompimento seja configurado e que, ainda em fevereiro, um líder anti-Dilma seja escolhido na Câmara.

Por outro lado, se o noticiário sobre Temer se robustecer, ainda que não se deva “criminalizar” (a priori) doações partidárias, o rompimento pode perder força e o partido ficar indefinido em relação ao impeachment e ao governo.

São muitas indefinições em tão curto tempo.

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