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O fator PMDB no jogo do impeachment

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Com a decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de acolher o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), cresceu ainda mais a importância do PMDB para a sobrevivência do governo Dilma.

Partido centrista e com vocação para a moderação, o posicionamento do PMDB poderá ser determinante para o futuro de Dilma. Caso os peemedebistas permaneçam aliados à presidente ou divididos com sua parcela majoritária ao lado do governo, as chances de Dilma Rousseff escapar do impeachment crescem. Porém, uma vez que a divisão mostre um PMDB mais oposicionista ou ocorra uma ruptura da sigla com o governo, as chances do impedimento de Dilma prosperar aumentam.

Desde a semana passada, alguns movimentos de importantes lideranças do PMDB chamam a atenção. Antes de Cunha acolher o pedido de impeachment de Dilma, o vice-presidente da República, Michel Temer, havia almoçado com os senadores tucanos José Serra (SP), Aloysio Nunes Ferreira (SP) e Tasso Jereissatti (CE), Fernando Bezerra (PSB-PE), Agripino Maia (DEM-RN) e com seus colegas de partido Ricardo Ferraço (ES) e Waldemir Moka (MS).

Até agora, Temer não se comprometeu com a tese em favor do impeachment, embora parte da oposição o assedie com o discurso do “governo de unidade nacional”. Ao mesmo tempo, o vice-presidente não condena publicamente o impeachment.

Nos bastidores, a leitura feita é que seu grupo não se movimentará para frear o andamento do impeachment de Dilma caso essa tese ganhe corpo na opinião pública.

Essa avaliação ganhou ainda mais força com a saída de Eliseu Padilha (RS), braço-direito de Temer, do Ministério da Aviação Civil.

A retirada de Padilha é vista como um sinal de que o PMDB está cada vez mais distante, aguardando os desdobramentos do cenário. Padilha faz parte do núcleo de peemedebistas próximos a Temer. Existe o temor de que a saída de Padilha se transforme no começo de uma debandada do PMDB do governo.

Outro acontecimento que levou muitos observadores do mundo político a fazer essa avaliação foi a carta enviada ontem por Michel Temer a Dilma, que acabou sendo vazada pelo Palácio do Planalto com objetivo de constranger o vice-presidente e homem-forte do PMDB nacional.

Partido com vocação para o poder, a tendência é que o PMDB aposte mais em sua própria sobrevivência, buscando não ser tragado pela atual crise. O próprio Eliseu Padilha, durante a coletiva em que anunciou sua saída do governo, relatou que atualmente o PMDB está “dividido” sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Segundo Padilha, Temer está aferindo a posição dos integrantes do partido para tomar uma posição sobre o tema em nome da legenda.

Profundo conhecedor do PMDB, o ex-ministro relatou que há três alas dentro da legenda: uma ala que defende o governo de forma “incondicional”, outra “mais ou menos neutra”, e uma terceira que “faz oposição”.

Ou seja, captar o sentimento majoritário no PMDB é fundamental para o grupo de Michel Temer continuar no controle da legenda. Diferentemente de outras legendas, o PMDB é um partido onde suas seções estaduais tem grande peso sobre seu posicionamento nacional. Assim, é fundamental Temer ser o representante desse sentimento majoritário para não ver ameaçado seu comando à frente do maior partido do país.

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